Tiro de laço – cultura ou competição?
Antonio Daniel Busch¹
“Passei um verniz no laço, um mocotó no meu braço e me mandei pro Rodeio, com meu lenço colorado,o meu bilonga tapeato,de escorar tempo feio. Essa é a vida de um peão quando reza a oração pro patrão lhe dispensar, sempre sonhando com um carro na inscrição, bate forte o coração, pede à sorte lhe ajudar”
Rodeio da Marca Grande - Enio Medeiros
Com o início de mais uma temporada de Rodeios, percebe-se o significativo aumento do número de adeptos nas provas de tiro de laço e eventos do gênero em todo o nosso estado e até mesmo fora dele.
Essa modalidade esportiva surgiu no início da década de 1950, como uma brincadeira entre peões de duas fazendas do município de Esmeralda, envolvia inicialmente campeiros que habitavam a zona rural e era um entretenimento exclusivamente de pessoas que atuavam na atividade agropecuária.
Com o passar do tempo, este esporte ganhou as cidades e além de ser praticado por pessoas oriundas do campo também caiu no gosto de apreciadores da cultura gaúcha, que embora não tenham diretamente nenhuma relação com a lida campeira aderiram, como forma de lazer e competição, ao tiro de laço.
Essa atividade se tornou uma das grandes responsáveis pela divulgação e prática da cultura gaúcha como um todo, desde o uso da nossa indumentária e utilização do cavalo na prática esportiva e lazer da família gaúcha.
Devido a sua grande expansão, surgiu a necessidade do profissionalismo de alguns setores dessa atividade, como narradores, juízes, embretadores e alugadores de gado, entre outros. Sendo que muitos desses têm como principal fonte de renda esses serviços. Também as grandes premiações fazem com que muitos se dediquem intensamente às competições na aventura de lograr um grande prêmio, moto, carro ou dinheiro. No entanto, isso tudo gerou como consequência altos custos, dificultando em muitas situações a participação de pessoas de baixo poder aquisitivo, que foram a base na criação dessa modalidade.
O que é pior, nesse contexto, é saber que essa prática esportiva sem controle de gastos acaba causando um problema social, comprometendo grande parte da renda de alguns de seus adeptos em detrimento de outras necessidades de maior importância, tais como a subsistência e o desenvolvimento intelectual e profissional.
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